quinta-feira, julho 31, 2008

Essa mania de romance


Ah o amor! Como perseguimos o amor. Queremos estar apaixonadas, as tais borboletas na barriga, o coração palpitante, a mão suada, a boca seca... De preferência tudo isso junto. Eu mesma já me declarei movida pela paixão. Quanta burrice! O que é o casamento se não uma instituição? E o que garante o sucesso de uma instituição? Bons negócios! Objetivos em comum, persistência, calma e paciência. Mas não, nos ensinaram que temos que esperar A pessoa, aquela que vai nos virar de cabeça pra baixo e nos deixar com olhar de peixe morto. Quanta bobagem.

Queria ter me dado conta disso há anos atrás, quando larguei meu noivo bem de vida praticamente no altar pra fugir com uma paixão. Eu abri mão de um bom negócio por algo totalmente kamikaze que me deu alguns meses de muita emoção.Eu deixei pra lá a chance de um bom negócio para correr os riscos do mercado. Encontrei esses dias me ex-noivo. E sua esposa, e seu casal de filhos. E vão bem, obrigada. Moram em um luxuoso condomínio horizontal, andam ambos com carro importado, e estavam preparando a viagem de férias para Turquia... Não me entendam mal, não sou mercenária, mas é bem mais fácil enfrentar os problemas com uma bela conta bancária. Dinheiro não é tudo, mas te ajuda a sofrer em Paris, se for o caso. Eu me dava bem com ele, era algo estável, calmo e tranqüilo. Era um bom negócio. Mas eu queria emoção... Eu queria aquela coisa toda de tons vermelhos passionais do Almodóvar... Tsc...

Disseram-nos que devemos amar e sermos amados. Que temos que sentir, sentir tanto, sentir até doer. Que temos que querer, e querer mais, e querer mais um pouco. Temos que querer até ficarmos sem fôlego. E foi por tudo isso, ou melhor, pela ausência de tudo isso, que neguei o pedido de casamento de um velhote rico há mais de um ano. Sim, casamento, de fato, com papel, casa, conta corrente, cartão de crédito... E eu disse não, ao casamento e os pedidos de beijos. Perdi a conta de quantos presentes ele me deu, e de quantos tentou me dar, de quantos restaurantes franceses eu conheci. E mesmo assim, eu não sentia um tiquim, e disse não.

E entre o noivo e o velhote, em viagem à Argentina com um amigo, um grande amigo, fui pedida em casamento, com direito a anel, numa casa de Tango. E apesar de adorar meu amigo, eu também não quis. Ele ficou curtindo a dor de cotovelo com um belo Tango. Ao menos era propício o ambiente...

Como podem ver, eu sou uma grande idiota, e hoje, não estou casada porque não quis. Porque me convenceram a vida toda que tinha que ser O cara. Mas O meu cara já passou pela minha vida. Mais rápido que uma tempestade de verão. Fizeram-nos acreditar desde cedo nessa coisa de romance. Abri mão de três bons negócios por essa mania de sentimentalismo digno de novela mexicana. É por essas e outras que hoje moro em CUsmópolis e ando de ônibus com papeizinhos coloridos e não estou na Turquia... Ponto pra mim! Tsc...

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