domingo, agosto 29, 2010

Reencarnar


Deixemos de lado toda questão religiosa e a eterna pergunta “o que existe do outro lado?”, pois este não é o ponto do texto e nem o motivo para usar a palavra. Seguindo a linha do texto publicado pela Clara-Lu, onde : “alguns períodos existenciais são tão bem delimitados que se pode dizer que saímos de uma vida pra começar outra. (Sobre!) vivemos coisas que, de tão fortes, encerram um ciclo e dão início a outro” – fiquei digerindo a idéia de escrever sobre minhas reencarnações, em todos aqueles momentos que me quebrei em pedacinhos e me juntei novamente, colando caquinho por caquinho, que sabemos nunca fica igual ao original, é um novo ciclo, uma nova “vida”... Um reencarne.

A primeira vez que morri, tinha 10 anos e simplesmente me acordaram de madrugada para uma nova vida, uma nova realidade, eu não tinha mais pai. Parafraseando novamente Clara-Lu “dormi criança e acordei adulta”. Foi a primeira vez que vi e me dei conta que era possível ser completamente devastada e tínhamos que continuar acordando e seguindo em frente. Foi a primeira vez que senti raiva e dor da/pela mesma pessoa. E foi a primeira vez que me vi descrente de tudo.

Minha segunda morte se deu, quando me dei conta que minha rebeldia era injustificada, que o mundo não era contra mim, que absolutamente ninguém tinha culpa, que ninguém era o carrasco. Foi então que voltei pra casa.

Eu acreditava no amor, eu estava feliz e eu simplesmente não queria outra vida. Foi assim que morri pela terceira e quarta vez. E eu explico. Na terceira me arrancaram toda essa felicidade, pois simplesmente não é possível sentir por dois. É impossível querer por dois e sem sombra de dúvidas o amor de um nunca vai ser suficiente. Foi nesta minha morte “imposta”, que tive minha quarta morte. Por vontade própria tentei literalmente morrer. E não tendo conseguido passei um bom tempo no limbo até entender, a duras penas, que assim como não se pode amar por ambos é indispensável que saibamos amar nós mesmos.

Minha quinta morte. Uma morte feliz. Aprendi que a única pessoa que podemos amar mais do que nós mesmos são aquelas que colocamos no mundo. Então veio Bernardo e me mostrou que um novo ciclo, por mais dificuldades que pode trazer, pode ser imensamente gratificante. Vi que por este amor valeria a pena morrer.

Pela sexta vez, uma morte bem menos traumática, mas ainda um novo iniciar. E esta quase todos vocês acompanharam por aqui. Foi quando depois de uma casa montada eu fui simplesmente trocada. Doeu? Na época sim. Mas hoje vejo que sofremos muito por coisas que simplesmente não temos o que fazer. Por orgulho de ter que assumir seus próprios erros.

Quando tive que sair do meu apartamento, para vir morar no cu do cu do mundo, morri pela sétima vez. Tenho que engolir sapos, engolir a língua e conviver forçadamente com gente que não quero. Tenho que aceitar as regras alheias e tenho praticado todo dia o dom do silêncio para evitar mais brigas.

Fiz as contas e ponderei, e acho que ainda não renasci, estou aqui ainda do outro lado, no limbo, esperando a hora, a chance, o jeito de reencarnar e encarar minha oitava vida.


Não é um bocado de vida pra caber tudo em uma só?

quinta-feira, agosto 26, 2010

E Eu?


- To aqui tentando parir um texto, que um dia eu prometo que sai, mas parece parto de burro, 11 meses

- To ensinando o colega novo de outra filial, a fazer 1/3 do meu serviço pela filial dele (e eu acho que não vai rolar)

- Como to dando uma de professora, todas as minhas coisas estão paradas, e eu to cada vez mais ferrada

- To com uma puta dor de estômago, porque ando estressada

- To bemmmm feliz porque meu chefe ferrou com meu feriadão e marco reunião na filial do interior dia 03/04 de setembro

- Como podem ver eu estou ótima!

sexta-feira, agosto 06, 2010


Então que estou esperando meu aumento de salário há quase quatro meses.Ontem o gerente aqui da filial me chamou pra falar que saiu:

- Conseguimos, com muito esforço, teu aumento, por puro merecimento, pela competência.. bla bla bla bla

Falou, falou e não disse de quanto ia ser o tal do aumento. OBVIO que eu perguntei... Eu devo ter olhado para ele com olhos assassinos e expressão de
"como é que vocês tem coragem de me oferecer isto?", porque ele tentou remendar: "são muitos caminhos a serem galgados..."

Tava tão fula, mas tão fula que perguntei se ele realmente concordava com o aumento oferecido pela Matriz, se ele realmente achava que meu trabalho valia aquilo e se era somente eu que enxergava um monte de supervisores por aqui passando emails o dia todo sem fazer nada, ganhando um gordo de um salário,  enquanto eu estava fazendo uma média de 10/12 horas diárias, resolvendo não só as minhas questões, mas também coisas de mais duas filiais, sendo que nestas tinham pessoas encarregadas para fazer isso, ganhando o mesmo salário que eu ganho e que simplesmente não davam conta, mesmo com o fluxo três vezes menor que o meu. Em dois anos que estou aqui, minhas funções quadruplicaram e em nenhum momento eu deixei de cumprir a minha parte. Terminei simplesmente perguntando se ele achava realmente justo, se ele simplesmente acreditava que era isso o merecido?

Ele disse que não era justo, mas que não podia ir contra a decisão da Matriz, contra a escala cargos e salários e que era por isso que agora este mês  a empresa iria fazer a Pesquisa de Opinião do Colaborador, para que todos possam dizer o que pensam....

Eu agradeci, e acabei dizendo que eu poderia dizer o que eu pensava para ele mesmo e que se ele prestasse atenção aos funcionários não era necessário nenhuma pesquisa de opinião para saber o que estava acontecendo: "Insatisfação e desânimo. Quando chega o final de ano e estamos contando (e nos matando) em função do PPR é simplesmente absurdo que a empresa compre estoque para o ativo, simplesmente para não distribuir aos funcionários o PPR, mesmo sendo dois meses depois da diretoria ter se dado ao trabalho de vir aqui falar do belo trabalho que fizemos e dos ganhos que teríamos com o PPR; Que era frustrante ver alguns com salários astronômicos e tantos com salários tão baixos; Que era no mínimo absurdo ter um pedido de compra recusado por contenção de despesas quando todos sabem que a empresa paga a TV fechada e a luz particular dos seus gerentes... (alguns bla bla bla depois)... Mas que pra mim o que era decepcionante mesmo é ver que a pessoas para protegerem o "seu" deixassem de brigar pelos seus.

E sai da sala.

Desci, obviamente, vindo arrumar as minhas coisas porque depois desta era certo que eu tava na rua. Mas não, me mandou um email dizendo entender a minha revolta e com um monte de bla bla bla explicando o porque de não poder fazer nada.

Agora me diz! Como um gerente de filial, com mais de 30 anos de empresa não tem voz ativa???
E Papai Noel vai bem?

Tsc!