sexta-feira, julho 11, 2008

Sobre morar no cu do cu do mundo...


Então que eu moro agora no cu do cu do mundo. E vocês vão enjoar de me ver falar disso (já estou avisando!). E para alguém que sempre morou no “centro” de tudo, é uma experiência no mínimo bizarra, morar lá no cu do cu do mundo. O cu do cu do mundo não é um lugar deserto, tem gente, uma gente, na sua maioria, feia, gorda e xexelenta. E têm um centro também, um centro de uma avenida de gente feia, gorda e xexelenta, que adora puxar papo inútil... Pensar que tudo isso fica a 45 minutos do centro que eu morava antes, me faz ver o abismo que 45 minutos podem causar.

Então que sábado retrasado eu fui no centro do cu do cu do mundo, procurar um tonalizante pro meu cabelo. Certa de que não iria achar a marca nova que eu queria nesse centro provinciano de gente feia, gorda e xexelenta. Mas incrivelmente achei, depois de caminhar horas pra cima e pra baixo naquela avenida que eles chamam de centro. Porque o centro do cu do cu do mundo, é feito por pessoas feias, gordas, xexelentas e aparentemente burras, que parecem nunca terem ouvido falar que da necessidade de colocar o nome da loja, ou no mínimo ao que ela se destina na fachada, eu demorei horas subindo e descendo naquela avenida do cu do cu do mundo para achar o que precisava.

Pedir informação no cu do cu do mundo é em vão, garanto a vocês. Pois eles acham que todo mundo lá provem daquela mesma raça e as informações são dadas num dialeto que somente os “cuzences do cu do mundo” entendem. Eu sei, eu tenho preconceito com o cu do cu do mundo. Há exceções claro, pessoas não tão feias, não tão gordas e não tão xexelentas lá, assim como eu. Mas estas andam tão baratas tontas quanto eu, se percebe na cara de espanto e no caminhar atordoado.

Eu confesso que não acharia tão ruim morar no cu do cu do mundo, se eu tivesse um carro. Pois em vez de demorar 45 minutos pra chegar em alguma civilização decente, eu demoraria 20. Porque eu não iria precisar procurar minha tintura num centro de uma rua onde pessoas não aprenderam ainda a necessidade e a finalidade de placas de fachada. Porque eu não teria que pegar ônibus cheio de pessoas feias, gordas e xexelentas. Pois, no fundo a casa é ótima, grande, arejada, pátio, piscina... Mas eu não tenho um carro, e eu pego ônibus. Então eu odeio o cu do cu do mundo!

Alias ônibus para o cu do cu do mundo é outro fato bem interessante. Eles não têm horários fixos, então você pode amargar quase uma hora esperando por um, como podem passar quatro que vão direto para o mesmo lugar. Sem contar que durante o trajeto eles param duas vezes em postos de fiscalização onde um carinha anota o nº dos papeizinhos que eles te dão. Ah sim, os papeizinhos. Você entra no ônibus, o cobrador te pergunta até que lugar do cu do cu do mundo você vai. Pois para cada lugar tem um preço e um papelzinho colorido respectivo, que te é dado ao passar pela roleta, e você pode começar uma coleção de papeizinhos coloridos. Veja como é linda a modernidade! Claro que eles são cheios de cidadãos típicos, feios, gordos e xexelentos. Muitas vezes, encontro espécies como eu, perdidas com o olhar lânguido pela janela pensando no que se meteram, e porque são obrigadas a conviver com esse martírio? Pessoas assim, mais meu tipo, mais parecidas comigo, não tão feias, não tão gordas, e não tão xexelentas... Em determinados momentos, nossos olhos se cruzam e trocamos um sorriso resignado de consolo. Sim, nós acabamos de nos reconhecer.

Alguém comentou aqui sobre paquerar no ônibus, para que eu tome cuidado. O que tenho a dizer sobre isso? Não corro esse risco. Já não corria morando a 45 minutos do cu do cu do mundo, e usando esporadicamente ônibus de gente mais como eu, não tão feia... Nunca considerei a possibilidade de namorar/paquerar no ônibus. O máximo que me ocorria era dar uma espiadela na bunda do estudante de odontologia que eu encontrava no ônibus às vezes. Porque ele tinha uma bunda bem bonita. Mas, sem falsos moralismos, não me ocorre paquerar/namorar alguém que não tenha carro. A pé, já basta eu. Talvez eu diga um dia que tudo isso é idiotice. Mas hoje isso é seleção. A não ser que por ironia do destino eu caia de paixonite aguda por algum pé rapado, eu continuo com a minha opinião, e dane-se o que vocês vão pensar sobre isso... Mesmo que ele seja loiro, alto, simpático, criativo e tenha não tenha carro por déficit de atenção ao dirigir (piada interna!), nem assim eu cedo, acreditem! Agora vocês analisem, se eu já agia e pensava assim, porque cargas d’água, agora que eu pego ônibus lotado de “cuzences”, eu iria se quer me preocupar com a possibilidade disto acontecer? Eu nem sorrio pra essa gente.

Morar no cu do cu do mundo e não ter carro, tem arruinado outra área da minha vida. A social. Como sair e voltar lá para o cu do cu do mundo? Lembram? Os ônibus não têm horários, e depois da meia noite, imagino eu, que você pode ser estuprada, assassinada, esquartejada e apodrecer antes que algum apareça. E eu, sinceramente, não tenho cara de pedir para alguém me levar lá no cu do cu do mundo depois de algum programa. Eu poupo as pessoas de traumas...

E que Deus me poupe de um dia vir a achar tudo isso normal. Nesse dia eu teria me tornado uma “cuzence”, habitante típica do cu do cu do mundo, e estaria destinada a ter uma loja sem nome numa avenida conhecida como centro.

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