Fico horrorizada com os e-mails de leitores do blog que recebo. Onde dizem que minha vida é cheia de coisas maravilhosas, que minhas experiências são enriquecedoras, que vivi muito mais que muitos deles. Eu fico pasma!! Eu fico me perguntando “será que todo mundo que me lê precisa de óculos?”, ou “será que passo uma imagem diferente de minha realidade?”. Gente acordem, minha vida é um tédio completo! Vocês não agüentariam uma semana dessa minha vidinha medíocre sem morrer de tédio... Eu tenho certeza disso.
As pessoas me escrevem dizendo que invejam esse meu jeito bem resolvido, essa minha certeza em fazer as coisas, essa minha garra de ir a luta... Meu Deus estão falando de mim? Porque sinceramente a única certeza que eu tenho é que eu não sei de nada! Minha vida é um ponto de interrogação! Eu não sou bem resolvida o cacete, sou a pessoa mais insegura que conheço, sou a pessoa mais carente que conheço, sou a pessoa mais instável que eu conheço. Garra? Que garra, por mim eu me enfiava em baixo da cama e deixava que todo mundo resolvesse meus problemas, me escondia em baixo do edredrom e esperava a tempestade da minha vida passar. Mas eu posso? Eu não posso não. Porque não tenho ninguém que resolva meus problemas, simplesmente por isso. E isso não tem nada a ver com garra, com força, é necessidade pura. Apenas isso.
Acham maravilhoso eu ter deixado um casamento quase consumado pra sumir com um maluco que conhecia há uma semana. Acordem!! Isso é porra louquice! Glamurizam algo que não teve glamour algum, foi coisa de adolescente louca. E talvez se pudesse voltar atrás não faria isso, talvez se tivesse escolhido aquela vida segura, aquele sentimento tranqüilo, eu não fosse hoje tão inquieta. Talvez hoje fosse mais feliz.
Sim, eu tentei me matar. E acham isso muito interessante, muito profundo, muito complexo. Perfeito para um estudo psicologico. Desculpem decepciona-los não tive nenhum trauma na infância que pudesse justificar essa atitude. Não tive nenhuma crise existencial das mais sérias e complexas que explique o que fiz. Banal! Essa seria a palavra certa. O motivo é banal, idiotice pura. Nada daquele glamour, sem bilhetes de despedidas, sem cenas grandiosas. Apenas a sandice da mente humana, que se apega a coisas que não merecem, que tenta mais ser notada do que ceifar a própria vida. Banalidades.
Ah, mas você morou sozinha, enfrentou a família, teve uma vida louca nas drogas, e hoje ta ai, saiu de tudo isso. Sim!! Fiz tudo isso!! Palmas para a minha imbecilidade!! Porque enquanto vocês estavam decidindo que roupa colocar para a festa de sábado à noite, eu tava lá cheirando tudo que podia, me enchendo de bebida, e pensando como levantar no dia seguinte para trabalhar, o que eu iria comer na próxima semana... Enquanto vocês estavam lá vivendo a adolescência de vocês ao lado de pessoas legais, rindo e aprendendo muito. Eu estava rindo e deixando a minha vida passar em volta de pessoas completamente vazias. Eu andava em bar GLS barra pesada com amigos meus, porque era legal chocar os adolescentes “normais”, mas no fundo eu queria era ser uma adolescente normal, preocupada com roupas, festas, ficadas. Sem ligar para o que comer no dia seguinte, ou se teria luz pra tomar banho quente. Sim!! Palmas para a minha imbecilidade!! Eu trocava qualquer uma dessas experiências, por uma adolescência cor de rosa...
Pergunto-me no que minha vida é tão especial, o que eu fiz de tão maravilhosos que faça com que as pessoas me escrevam dizendo que me invejam. Porque eu procuro, e não acho nada nessa porcaria que vivi que valia a pena ser invejada. Eu fiz tantas loucuras, tantas loucuras, e o que tenho? Hoje estou sozinha, sem grana, sempre correndo atrás de alguma coisa que nunca consigo pegar... Pergunto-me se eu tivesse feito tudo diferente, se eu tivesse sido certa, se eu tivesse sido coerente, não estaria melhor? Não teria encontrado o que tanto procuro?
Não sei, nunca terei como saber na verdade, porque a vida não volta, as oportunidades não se repetem e só temos uma chance de fazer o certo ou o errado num momento exato. E eu tive a minha chance, eu fiz, eu vivi. Não me arrependo não, não é esse o ponto. Acho que tive a vida que precisei ter para aprender sabe-se lá Deus o que. Porque se vivi tanta loucura era pra hoje no mínimo ser alguém mais autêntico e ter uma vida mais interessante. Mas vá lá. Essa é a minha vida e pronto. Que eu conviva com ela não?
Agora o que não entendo mesmo, é como podem sentir inveja dela, como podem me invejar, como podem abrir sua alma, seu coração num e-mail e dizer que deve ter sido maravilhoso passar por tudo que passei, pois através disso, me tornei uma pessoa forte, uma pessoa guerreira, uma pessoa que da a cara a tapa. Será que não percebem que de forte eu só tenho a fachada (e ela já esta quase me ruínas), que ser guerreira é necessidade e não escolha (pois se pudesse escolher queira mesmo era ser madame), e que dou a cara à tapa, simplesmente porque depois de muitos tapas que a vida nos da a gente passa a não sentir mais a dor. Será que não percebem que de interessante a minha vida não tem nem uma virgula... Ou será que sou uma fraude que eu mesma criei?
5 comentários:
Sou filho dela sim. Lembrei de uma música dela e que tem a ver com você.
"Eu fui, na beira da praia,
pra ver, o balanço do mar.
Eu vi, eu vi,
um retrato na areia,
me lembrei da sereia
e comecei a chamar...
Oh Janaína vem ver
Oh Janaína vem cá
venha ver essas flores
Que venho lhe ofertar."
Você é do candomblé também? Se quiser me manda e-mail: rafael_dnk@hotmail.com
Beijos.
ola, deixo aki o desejo de uma boa semana para ti, fica bem e bj
Menina, cheguei aqui pela gazeta dos blogueiros e fiquei pensando se era você ou não. Enfim, agora já entendi: esse é seu blog novo, né? Vou atualizar o endereço do link no Solta no Mundo. Ah, e adorei esse template! Bjs
Live and let die honey!
E que venha mais vida pela frente!
A vida tem só dois dias.Um deles é pra acordar.
Bjox
Ouxe,kd post novo?
rsrs
Bjoxxx
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