terça-feira, fevereiro 27, 2007

Um ninuto de verdade...

Eu minto pra mim mesma, eu me engano. Melhor do que ser enganada por alguém. Eu digo que não te quero mais, e repito isso de forma automática o dia todo. Uma espécie de mantra. Porque tenho que manter a pose. Porque tenho que ser fodona. Porque todo mundo espera esse meu ar blasé de quem não se importa se agora, nesse exato momento, você esta teprando com outra na cama, no quarto que eu escolhi. Porque eu digo que de nós dois você perdeu mais (talvez sim, talvez não), porque não me merecia, não merecia o amor que te dava, ou que tentava te dar, já que você sempre teve esse ar frio, auto-suficiente. Porque não mereceu quando tentava preservar a tua individualidade. Porque não mereceu nenhum dos meus recuos de olhar o teu celular enquanto você tomava banho. Você merece o que tem hoje, essa mulher, que atende teu celular e decide a tua vida. Essa mulher que trepa com você numa cama escolhida por outra, que deita a cabeça no travesseiro que eu comprei pra mim, justamente por não gostar de dormir naquele teu travesseiro mole demais. Uma mulher que não se importa de armar barracos em via pública. Estranho que você esteja hoje com uma pessoa que tem todos os defeitos que você odiava. Uma pessoa completamente oposta de mim. Com certeza deve trepar muito bem. Mas eu também trepo bem. Então não entendo. Por não entender é que visto essa armadura de que está tudo ótimo, de que você passou e não tem mais nenhuma importância pra mim. Por isso minto pra mim. Mas tem aquele momento do dia, aquele milésimo de segundo em que a verdade aparece na minha frente, em que sou obrigada a reconhecer, que muito disso é despeite meu. Pois só aprendi a deixar e não a ser deixada. Pois sou eu que machuco, não que sou machucada. Pois sempre fui eu que fui, e não eu que ficava.

Eu não sou fodona. Nem um pouco, apenas me faço, da porta pra fora.

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