quinta-feira, setembro 11, 2008

Do que fica



Tem uma propaganda, acho que de um bombom, que diz mais ou menos que depois da paixão o que resta é que faz acontecer ou não. Que o ato de apaixonar-se é involuntário, desencadeado porque qualquer fator alheio ao mínimo senso de lógica. A gente não se apaixona pelo carro, pela conta bancária, por um par de coxas, é geralmente aquele detalhe que passa despercebido que desencadeia toda essa coisa louca. Só que isso acaba, cientificamente acaba. E quando acaba é que se começa a pesar e medir o resto todo. Se o que sobra, o que fica é suficiente para se amar. Se os defeitos antes aparentemente inexistentes não vão te fazer espumar de raiva. Se aquela mania antes engraçada não vai fazer ter vontade de mandar o ser para casa do caralho. Se a demora que ela leva pra se arrumar antes vista como cuidado hoje não vai fazer o vivente ter idéias de torturas chinesa nas horas que espera. É o depois que importa. É o que fica.

E não que mascaremos nossos defeitos, eles sempre estiveram ali, envoltos nesse véu filha da mãe da paixão. Porque paixão é algo filha da mãe convenhamos. Essa coisa toda nos faz cair de 4 por alguém, e se não tiver estrutura, se o depois não for suficientemente forte, tudo que a gente vai querer é ver a criatura de 4, pastando de preferência. Eu nunca escondi um defeito meu. Até porque me é mais fácil aponta-los do que as parcas qualidades. Estão todos ai gritando a olhos vistos, literalmente. Não estou dizendo que são lindos e faceies de lidar. Longe disso. Só eu sei o inferno que eles são. Mas fazem parte de mim. E o maior erro é ficar com alguém pensando em mudá-lo. Ninguém muda de personalidade. O que deve acontecer é pesar, medir e analisar se é possível ou não lidar com aquilo. Se colocando na balança é pequeno ou grande. Se for pequeno o amor acontece. Se grande for, o nada chega.

Não estou aqui fazendo apologia do estilo “me aceite como sou” e nem espero que ninguém levante essa bandeira. Porque evoluir é melhorar sempre. Adoraria acordar não ser mais uma pessoa explosiva e estourada. Mas não é assim que funciona. Eu posso tentar me controlar, eu posso respirar fundo. Mas vai ter o dia, que a menor coisa me fará jogar o telefone na parede, embora eu esteja mirando a cabeça de alguém. Quem manda eu ser ruim de mira.

No fim o que importa é o que construímos enquanto cegos. Com o que conseguimos conviver. Se eu vou aprender a conviver com aquela mania de fazer brincadeira em hora séria. E se você consegue aceitar que eu vou ficar fula porque virou coca cola na minha camisa nova. O amor não é um comercial de margarina. E imagina que chatice seria? Todo mundo rindo o tempo todo. Fake. É saber lidar com o dia a dia. Com o mau humor matinal. Com a falta de saco. É saber lidar com isso tudo e no fim, ser feliz. Se conseguirmos responder sinceramente, “apesar de... eu sou feliz”, há uma grande chance de sermos realmente.

Eu sei textinho auto-ajuda. Mas não é a intenção. Era pra ser mais ou menos assim. Ninguém é lindo. Ninguém é perfeito. Ninguém quer sexo 24 horas por dia. Ninguém consegue ser maduro em todas as situações. Ninguém tem a resposta pra tudo. E ninguém, nunca vai ser exatamente como você quer ou julga que deve ser. As pessoas vão se magoar por assuntos idiotas. Vão explodir. Vão rir da sua cara. Vão ter vontade de mandar a merda. De sair correndo. De querer enfiar a mão. E algumas das coisas que mais te irritam nunca desaparecerão... Tudo isso e um pouco mais. A resposta do que vai ficar, do depois, do que resta depende de como você responder a duas perguntas:



Você consegue lidar com isso? E depois de tudo, você ainda pensa em estar junto
?

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