quinta-feira, agosto 17, 2006

Pois é. Eu espero demais das pessoas. Eu espero que elas façam, cumpram tudo que me falam ou prometem. E eu fico esperando. Mas as pessoas não são assim. Acho que pressiono de mais. Que me importo de mais. Espero que adivinhem, que leiam meus pensamentos e façam. Mas ninguém tem esse dom de adivinhar o que pensamos. Eu queria que tivessem. E eu fico aqui esperando de mais de cada um. E eu cobro. Cobro, despejo tudo em cima. Hoje tenho que tentar viver a máxima de que se temos dois ouvidos e apenas uma boca, é porque deveríamos ouvir mais e falar mesmo. Vou tentar, estou tentando falar menos. Mas me enervo, e na hora da irritação, meus dois ouvidos somem e todos os meus buracos faciais viram boca, e eu falo, falo de mais. Hoje não. Hoje estou exercitando meu autro-controle, antes de despejar tudo que penso, quero ouvir. Estou tentando não esperar de mais das pessoas. Tentar esperar apenas o que elas são capazes de me dar. É um exercício. O exercício do silêncio. Que pra mim é um dos mais difíceis, pois sempre traduzi o silêncio como indiferença. Não estou indiferente, apenas silenciosa, tentando fazer meus ouvidos trabalharam mais que minha boca. Sabe aqueles macaquinhos que não vem, não ouvem e não falam? Não me serve, pois eu vejo, eu ouço e eu falo. Falo muito mais que os outros dois, quando começo a despejar a frustração de não terem feito o que espero que faça, me perco. Hoje não vou falar nada, apenas vou usar o silêncio, bem mais do que pra mostrar a minha insatisfação, pra tentar escutar mesmo. Quem sabe eu ficando assim bem quietinha consiga escutar o que se passa aqui dentro também. Silêncio sempre me oprimiu, tanto que raramente fico em total silêncio. Nem todo exercício é prazeroso, mas não deixa de ser necessário. Para exercitar um músculo é preciso trabalhá-lo até fazer ele queimar dentro de vc. Deve ser assim com os sentidos também. Para exercitá-lo deve ser preciso fazer ele doer até vc não agüentar mais. Que o silêncio doa então...

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