quinta-feira, maio 04, 2006

Palhaços..

Ontem ao ler esta crônica da Martha Medeiros, publicada no Jornal Zero Hora, não pensei duas vezes pra dividí-la com vocês. Todo mundo sabe que não falo de politica aqui, porque esse blog não tem nenhum objetivo além de falar baboseiras sobre minha própria vida, mas esta eu não resisti. Bem vindos ao maior circo da terra, chamado Brasil!
Carequinha e Garotinho
Falou em "o maior espetáculo da terra", lembramos logo de circo. E desta vez o Brasil vai mesmo assistir a um espetáculo que faz jus a este nome. Em agosto desembarca em São Paulo e no Rio o Cirque du Soleil, que apresentará, em duas horas e 40 minutos, a tecnologia e a criatividade que revolucionaram a arte circense no mundo todo. Saem bichos amestrados, entram acrobatas que só faltam voar - e nem sei se não voam mesmo.
Nunca fui muito fã de circo. Gostava dos números no trapézio, mas macacos vestindo saiote de tule me davam pena, e os palhaços, nem se fala. Nunca vi a menor graça no figurino, na maquiagem e muito menos nas piadas, e seria hipócrita se dissesse que a morte do Carequinha, em abril último, me provocou alguma nostalgia. Quando soube da notícia, não senti nada. Só agora, com um mês de atraso, entendo a importância dele. Carequinha simbolizava o palhaço ingênuo, humilde, cujo único propósito era entreter a família brasileira e dar alegria às crianças. Fez televisão, gravou discos, participou de programas humorísticos, sempre levando em consideração o respeitável público, que ele respeitava mesmo. Bem diferente dos outros palhaços que nos restaram.
Agora temos Garotinho, que já nasceu com o nome perfeito para brilhar no picadeiro. Garotinho e sua pantomima, Garotinho e sua falta de senso do ridículo, Garotinho e sua inseparável partner, Garotinho e sua imensa platéia, que felizmente não o está aplaudindo, mas que está sendo forçada a engoli-lo. Ele faz greve de fome, mas a náusea é nossa.
Renato Russo perguntava "que país é este?". Estivesse vivo ainda, trocaria para "que circo é este?", onde uma mulher barbada dança em plenário para comemorar impunidades e os políticos fazem mágica pra sobreviver a tanto escândalo. Têm sido péssimos na arte do ilusionismo, ninguém mais acredita neles, mas seguem firmes em cartaz. O dono do circo, então, é o papagaio que fala. Repete sempre a mesma coisa, botando o público pra dormir. E o público, em surto hipnótico, dorme.
Hoje tem marmelada, amanhã terá marmelada, há marmelada pra dar e vender - principalmente vender -, e tem palhaço pra todos os gostos. Se é de pão e circo que precisamos, fico eu aqui sonhando com um Brasil mais ao estilo Cirque du Soleil, bem administrado, levando ao público cultura, beleza, profissionalismo, modernidade e magia sem palhaçada, mas aí abro o jornal, dou de cara com um pré-candidato à presidência estendido num sofá vagabundo fazendo o número do perseguido e me dou conta de que ainda vai levar algum tempo para o Brasil deixar de ser este circo dos horrores.
Beijos pessoas!

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