segunda-feira, maio 22, 2006

Da série: Os homens da minha vida...

Josias
Foi numa fase nebulosa da minha vida, aos quatorze anos briguei com o mundo, com a família e fui morar num JK que um tio doido de uma amiga alugou em seu nome, claro pq com 14 anos ninguém alugaria um JK pra mim. Na minha casa você encontrava, um colchão, um frigobar, maconha, água e miojo, e muita gente. Como era a única que morava sozinha, logo aquilo virou uma republica e sozinha eu não estava nunca. Mesmo com toda essa pinta de rebelde eu nunca larguei a escola, pois queria provar pra minha mãe que ia conseguir e que as palavras dela, de que não seria ninguém na vida nunca iam acontecer. Como o que eu ganhava mal dava pra me sustentar, foi nessa época depois de 30 dias morando sozinha que aprendi a fazer gato de luz, ou pagava o aluguel e comia, ou pagava a luz, resolvi fazer gato da vizinha, uma senhora idosa que nunca desconfiou de nada. Hoje tenho pena dela, pagou minha luz por quase 6 meses.
Meio que pra tentar me encontrar e dar uma de cult, comecei a fazer um curso de teatro e foi lá que o conheci. Ele era mais velho que eu e feio, muito feio mesmo, baixinho, magrinho, completamente esquisito. Era o palhaço do grupo e foi o primeiro a vir falar comigo, nos tornamos amigos e ele meio que se chocou com o modo que eu vivia. Fazia o estilo careta, na verdade na época era o único amigo careta que eu conhecia, me fazia rir muito numa fase que não via muita graça nas coisas. Começamos a sair e eu ficava com ele, ficava mais pq sinceramente não tinha nada melhor a fazer e levava ele no oba oba, sumia muitos dias sem dar explicação e nem precisava mesmo, pq na minha cabeça não tínhamos nada, ele era apenas um amigo esquisito que eu dava uns beijos de vez em quando.
Um dia ele se encheu disso e disse, ou assumimos algo ou paramos por aqui, pq não agüento mais isso. Bem, assumimos, estávamos namorando e eu ao seu lado me achando uma ET, pois não tínhamos nada parecido, com ele não fumava maconha, não apresentava meus amigos doidos, era meu lado certo de uma vida incerta. Mas foi ele tb que me mostrou que o caminho talvez não fosse esse que tinha escolhido, como cabeça dura, ouvia tudo e mesmo concordando com algumas coisas discordava de tudo. Com ele não usava minhas roupas pretas, não usava coturnos, geralmente era normal em me vestir, mais por ele do que por mim.
Costumo dizer que ele era um santo, pois quase 6meses de namoro não tínhamos transado, apesar de todos, inclusive ele, acreditarem que não era mais virgem, um dia dormindo na casa dele ele veio todo se chegando e eu disse que nunca tinha transado, pude ver na cara dele o choque, pois sinceramente eu passava uma idéia de que isso tinha acontecido a muito tempo. E ele teve toda a paciência comigo, nunca vi alguém gastar tanto em motel pra nada acontecer.
Porque a cena era a seguinte: Vamos? Vamos! Saíamos pra jantar e íamos dormir fora, pq minha casa era sempre uma zona e na casa dele havia os pais. Chegávamos no motel, era arreto, arreto e tentativa, pq na hora H sempre dava pra trás. Por pudor? Não, por dor mesmo! Caralho, pq dói pra caramba viu! E ele nunca se importou, sempre disse: "Relaxa outro dia tentamos de novo."
E foram diversas tentativas assim. Muitas mesmo! Até que um dia eu cansei de ser a virgem rebelde e disse: "Escuta aqui, hoje vai, mesmo que eu disser pra parar continua, pq aquela merda não pode ser de chumbo". E assim foi, quase morri de dor e quando rompeu o hímen a única coisa que eu queria era que ele não se mexesse e gritava : "Tá já entrou, agora para, não te mexe, não sou mais virgem, mas tira esse troço de dentro de mim."
Com o tempo claro que as coisas foram melhorando e eu começando a gostar do babado. Já estávamos a um ano juntos e ele inconformado com aquela situação de eu não falar com a minha mãe, tomou a iniciativa de nos aproximar. Confesso que queria muito isso, que sentia saudades de casa, mas nunca daria o primeiro passo. Um dia sem eu saber promoveu um encontro entre nós duas e entre muitas palavras duras, agressões, lágrimas e desculpas voltamos as boas. Tanto ele quanto minha mãe queriam que eu voltasse pra casa, mas continuei no meu canto por mais alguns meses, mais por cabeça dura e menos por vontade.
Depois que voltei pra casa, as coisas entre nós melhoraram, eu deixei de lado o meu lado rebelde que nunca existiu na verdade e seguimos em frente.
Estávamos há quase dois anos juntos quando descobri que não o amava mais, e foi duro tomar a decisão de terminar. Era a primeira vez que terminava um relacionamento e desde ai descobri que é muito mais difícil dar do que receber um fora. Durante a conversa vendo um homem feito chorar como bebê quase voltei atrás diversas vezes, mas não o amava mais como homem, ele tinha se tornado um grande amigo e o queria apenas dessa forma.
Continuamos no grupo de teatro e confesso que foi difícil pra mim vê-lo daquele jeito, ele literalmente estava sofrendo, como percebi que aquela convivência estava fazendo mal pra ele decidi dar um tempo no teatro, tínhamos acabado de encenar uma peça e pedi pro diretor uma licença de 4 meses. Cortei durante esse período todo e qualquer tipo de contato, não atendia as ligações, nada. Não por maldade, mas por querer que ele ficasse bem.
Quando retornei ao grupo ele dava de casinho com outra menina, muito bonita por sinal, e fiquei feliz por ele. Acontece que no fundo me deu uma dor, acho que foi mais orgulho do que qualquer outra coisa. Claro que ele nunca soube disso, eu tinha voltado a ser a Jana amiga novamente e não estava disposta a retomar algo que pudesse nos fazer sofrer novamente
Fiquei mais um ano no grupo, e mesmo o namoro dele com essa menina tendo terminado nunca mais rolou nada, pq tb comecei a namorar outra pessoa.
Depois que sai de lá, nunca mais o vi, mas guardo um carinho todo especial por ele, pois foi ele o responsável por grandes mudanças na minha vida.
Legendas a pedidos:
JK - São aqueles conjugados de quarto e sala, ou melhor, cozinha-sala-quarto, tudo uma coisa só!
Beijos pessoas e uma boa semana

Nenhum comentário: