Eu hoje queria escrever algo que fosse de minha alma. Queria dizer que por muitas vezes acredito estar conduzindo a minha vida de forma totalmente errada. Por outras não. Por vezes quero contar tudo aqui. Por outras vejo que são coisas muito minhas. Não que eu esteja triste, não é isso, definitivamente não é. Mas também não sei se estou completamente feliz. Escrevo, tem pessoas acreditam entender, pessoas já desistiram de entender, pessoas que não entenderam nunca. E eu confesso, às vezes nem eu entendo, como hoje, que não estou triste, que não estou feliz, e muito menos sabendo o que quero dizer. Ás vezes sentir a paz é tão bom... Em outras sentir vontades incontroláveis me deixa eufórica demais. Acredito que preciso de uma concha, ou quem sabe de asas, sim, situações opostas, mas ambas podem trazer grandes mudanças. Mas nem sei se quero mudar alguma coisa. Eu sei que hoje eu não entendo, não me entendo. Estou em busca de algo que nem eu sei o que é. Se ao menos eu no meu não entender fosse magnífica como Clarice. Mas não eu simplesmente não me entendo e nem versos sei fazer disso.
"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
Clarice Lispector
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