Quando eu era pequena (lá em Barbacena kkkk), existiam as benzedeiras, era a criança ficar amoadinha, sem comer, abatida, se corria pra uma benzedeira que com um copo e água e um galho de arruda, falando rápido rezas e ladainhas, "quebrava o mau olhado". Hoje em dia é raro se encontrar uma dessas mulheres.
Quando tive meu filho, minha mãe, uma pessoa idosa e adepta das benzedeiras e ervas, levou escondido para o hospital um chazinho de salsa para eu dar pro Bernardo, segunda ela evitava o tal do amarelão, se foi pelo chá ou não eu não sei, mas o Bernardo não teve que ficar exposto aquelas luzes.
Depois ela me disse que se a mãe passasse a lingua na testa da criança e tivesse salgado ela tava com quebrante, eu cheguei a uma vez levar o Bernardo em uma benzedeira que ela conhecia, uma senhora de muita idade que veio a falecer meses depois. Minha mãe me ensinou uma reza/ladainha para eu fazer nele às vezes, quando ele estivesse chorão ou abatido.Falar enquanto se faz o sinal de cruz 3 vezes com a linha na testa do nenê:
"Eu te pari eu te criarei, se quebrante tiveres eu te tirarei"
Se eu fazia? Claro que fazia. Se eu acredito? Não sei, mas acho que algumas coisas antigas não deveriam desaparecer, mal não iria fazer uma reza com galho de arruda, uma ladainha de mãe...
Ontem eu fui levar o Bernardo ao médico, estava tendo febre há dois dias, tosse carregada, diagnóstico: faringite, nada grave, esta medicado e logo estará bom. Mas o que me chamou atenção foi um comentário que me remeteu a essa minha infância, o médio dele, um pediatra renomado em Porto Alegre, diretor do setor de pediatria de um dos melhores Hospitais gaúcho me disse: " Você não sabe a falta que eu sinto das benzedeiras". Claro que entendi que ele se referia a fé que as pessoas colocavam nessas mulheres, do que a alguma medicina propriamente dita. Limitei-me a responder: "Eu também!"
Sai de lá querendo uma benzedeira para meu filho!
PS: E pela 35978624756955 vez esse ano, a tia aqui ta gripada! Quero uma benzedeira, porque só pode ser quebrante!!
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