Vivi minha vida de paixões, arrebatadoras, avassaladoras, que vinham me invadiam, me desmontavam, me desnorteavam, me reviravam, me consumiam por inteiro, era a aflição diária, o frio na barriga constante, aquele suar de mãos, eu perdia o tino, eu perdia o rumo... A cada ligação, uma tempestade de emoções dentro de mim passava, a cada encontro era o coração pulando na garganta, era o medo de não ter quando precisar... Era o incerto, o inconstante, a duvida permanente... E quando por fim, a tempestade passava, eu ficava lá, completamente desmontada, tentando reconstruir os pedaços...Unir os pontos, lamentando a perda do leme, tentando resgatar o curso... Era esta a única forma de amor que conhecia... Eram tempestades dentro de mim...
Hoje eu tenho a sorte de um amor tranqüilo (ao menos Cazuza acha isso uma sorte), um amor que não me desnorteia, não me consome, simplesmente porque sei que ele está ali e estará amanhã, é meu alicerce, não me causa taquicardia, mas deixa meu coração em paz, num ritmo constante, não me faz perder o tino ou o rumo, pelo contrário, me conduz pelo caminho, não me faz sonhar planos e vidas paralelas, mas constrói dia após dia uma vida concreta e real. Não tenho a emoção diária, mas tenho o carinho seguro, o abraço acolhedor e principalmente o amor sincero. Conheci o verdadeiro significado da palavra companheiro. Quando entrei nessa calmaria, acreditei que não era amor, pois não fui lançada a 3 mil metros de altura, nem senti a emoção da queda livre, duvidei de mim mesma e de meus próprios sentimentos, eu não estava acostumada com o mar brando a caminho do porto seguro. Se sou feliz? Sim! Se não sinto falta das tempestades? Estaria mentindo se dissesse que não, mas conheci uma nova forma de navegação... E acredito que essa seja a que me realize mais... Calmarias dentro de mim...
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