sexta-feira, novembro 04, 2005

Escrever

Já me perguntei muitas vezes porque essa necessidade quase louca de escrever, de colocar no papel sentimentos, emoções, vontades, banalidades... Isso vem muito aquém do blog, antes mesmo de saber o que era isso, eu escrevia, para mim, para que eu pudesse ler, reler, e talvez dessa forma compreender o porque de sentir certas coisas, porque dessa forma buscar muitas vezes simplesmente colocar pra fora e esquecer, ou então me convencer de que aquilo simplesmente é, alheio a minha vontade.
E muitas vezes me reencontro assim no blog, escrevendo para mim, indiferente de que alguém leia, ou entenda o que se passa, escrevo para mim, para o que sinto, podem perceber isso quando muitas vezes um post que cabe uma continuação, simplesmente fica assim, inacabado, pois de certa forma já resolvi o que tinha que resolver comigo mesma, ou não, ou simplesmente, coloquei pra fora, e vi que não vale tocar no assunto novamente, e ele fica lá inacabado no papel, inacabado em mim.
É mais ou menos como este, uma escrita pra mim, uma escrita muda, pois minha alma sente vontade de gritar palavras mudas, que ninguém ouçam, simplesmente porque parece que tenho a necessidade de estar em conflito, comigo mesma, porque tenho o pior defeito que alguém possa ter, procuro problemas, em mim, lá no fundo. Porque esta tudo bem, mas eu queria mais, algo mais fundo, algo que nem eu mesma sei o que é, é o costume de sempre querer algo diferente do que estão me dando. Ok, eu poderia ganhar mais, mas não me falta nada, eu poderia ter kilos a menos, mas isso depende apenas de mim, eu queria que demonstrassem o amor de forma diferente, mesmo que eu tenha certeza de que recebo todo o amor que podem me oferecer. Eu sempre fui do tipo de pessoa que apontava meus defeitos sem nem pensar, eu invejo as pessoas, sim a inveja ruim mesmo, aquela que desde pequena nos ensinaram a não ter, mas não invejo o que elas têm, mas o que elas são, a leveza de ser, a praticidade com que encaram os problemas e a maravilhosa virtude de viver bem, sem conflitos. Agora se é pra falar em qualidades, fico horas pensando em algo que valesse a pena citar.
Sou a eterna insatisfeita, e assumo isso. Agora estou insatisfeita com o que? Além de mim mesma, com o resto do mundo todo. Exagero? Talvez sim, mas talvez não. Eu não me suporto mais. Sobre os outros, espero mais, quero mais, quero que leiam meus pensamentos e façam exatamente o que eu gostaria, no momento que gostaria. Eu sei é loucura, eu sei estou sendo completamente psicótica, é, mas eu talvez não seja uma pessoa tão boa quanto gostaria de ser. Talvez não, eu com certeza não sou a pessoa leve e boa que gostaria de ser... Afinal quem é totalmente bom?? A minha única diferença é que não tenho medo de escrever isso aqui, pra quem quiser ler, e principalmente para que eu possa ler...
"Eu escrevo sem esperança do que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera nada... Porque no fundo a gente não esta querendo alterar as coisas. A gente esta querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
(Clarice Lispector)

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