R$ 100 milhões por ano!!! Este será o investimento até o ano de 2022 para o novo projeto espacial brasileiro. Uma parceria assinada pelo presidente com os russos na semana passada vai permitir um salto no desenvolvimento de foguetes capazes de levar ao espaço satélites maiores, de até quatro toneladas, que devem ir ao espaço entre 2008 e 2022.
A data não foi escolhida ao acaso. Em 2022 se comemoram os 200 anos de independência do Brasil. É justamente o que pretende esse projeto: tornar o país independente no setor aeroespacial. Noticiou ontem o Jornal Nacional.
Na mesma edição uma cena que já se tornou comum em nosso cotidiano, a seca e a fome do nordeste. Rio São Francisco ali, pertinho. Distância que se vence com 500 passos. A dona de casa, Nalva Maria de Jesus, seis filhos para criar, vê a comida escassear dia a dia.
"Às vezes dou para os meus filhos comerem um arrozinho. Quando tem, sopinha", diz ela.
"Hoje eu comi um café com farinha e mais nada", conta Eduardo Santos, agricultor de 94 anos.
Famílias, crianças dependendo da boa ação, de vizinhos, que tem tão pouco quantos eles próprios: "Eu fico com a cabeça sem saber o que faz da vida e de repente vem um vizinho com uma colherinha de feijão, uma xicrinha de aroz e aí o dia passa", diz Paulino José de Souza, agricultor pai de 8 crianças.
Pra mim me parece surreal que um país que não consegue alimentar e educar seu povo possa falar em independência espacial. Que um país que fecha os olhos pro que acontece com seu próprio povo, possa anunciar o investimento de milhões em algo, que ao menos pra mim, não faz diferença alguma.
Não quero meu país em noticiários como o conquistador do espaço ou pelo o investimento de milhões para lançar foguetes cada vez maiores. Que independência é essa?
Que país pode ser independente tendo seu próprio povo dependente? Que conquistemos o espaço, quando cada cidadão brasileiro tiver a dignidade de trabalhar e sustentar sua família, de não ver os seus morrendo de fome ou sede, quando cada criança tiver seus direitos assegurados, quando cada uma delas estiver na escola, e não nas ruas, aprendizes de marginais.
Como pode um país ver seu povo agonizando e mesmo assim pensar em conquistar o espaço?
Pode ser que seja eu, mas não consigo entender esse tipo de coisa...
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