Alexandre I
Então eu fui pra Curitiba. Deixa pra trás um casamento, um ex-noivo, uma família em fúria... Me muni de coragem, joguei os dados e estava tentando a sorte... Quando chegamos, fomos direto para o apartamento dele, um lugar completamente novo pra mim, um lugar que não era minha casa, mas deveria se tornar... Ele tinha que ir a empresa, e eu fiquei lá tentando me situar ao novo ambiente. Estava arrumando minhas coisas quando a campainha tocou.
- Oi.
- Oi. (dizia pra mim uma loira, com uma cara de surpresa). O Alexandre ta ai?
- Não, ele foi na empresa. E vc quem é?
- Sou a namorada dele.
- (juntando os pedaços, tentando entender o que acontecia...) Olha, acho que vc deve ser a ex namorada agora, por que nós estamos morando juntos.
- (ela mais perplexa do que eu) Posso entrar? Como é que ele pode fazer isso? Quem é vc? Me devem uma explicação!
- Olha, pode entrar, mas as outras perguntas vc deve perguntar pra ele.
- Tenho que pegar as minhas coisas, que estão aqui...
- Pega, alias, vc conhece a casa melhor que eu... Ela pegou as coisas dela e saiu batendo a porta.
Eu com a raiva taquei mão do telefone e liguei pro Alexandre, cobrando uma explicação. Era sim a namorada dele, mas ele esperava terminar com ela, não imaginou que ela apareceria assim na casa dele. De qualquer forma o namoro estava acabado.
No inicio foi difícil lidar com a distância de casa, num lugar diferente, com pessoas frias, quantas vezes peguei o ônibus errado e fui parar no outro lado da cidade... Mas as coisas foram se ajeitando, eu comecei a trabalhar, fiz amigos, a nossa relação ganhou intimidade e cumplicidade, éramos felizes.
Havia pouco mais de um mês que estava lá, recebi uma caixa enorme de presente, imaginando ser o Alexandre, abri toda feliz, quando me deparo com uma caixa cheia daqueles cocos falsos com uma bilhete da ex "muita merda pra vocês!". Fiquei fula, e meses pensando o que iria fazer para dar o troco, pois é claro que não ia deixar barato, o Alexandre conciliador como era, tentava me convencer de deixar pra lá, mas eu como sou, nunca iria fazer isso. Descobri o dia do aniversário da dita, e mandei de presente pra ela um buquê enorme de rosas vermelhas com um lindo cartão que dizia: "Na vida, cada um dá o que tem... Te desejo flores." Nunca soube da reação da pessoa, se entendeu ou não a sutileza do cartão, mas sei que nunca mais tive problemas com ela.
Vivíamos em mar de rosas, já havia voltado as boas com a minha família, já tínhamos vindo a POA visitar e conhecer a sua família, era clima de felicidade pura, o amava. Fazia 8 meses que estávamos lá, ele foi transferido definitivamente para Porto Alegre. Ai começaram os problemas, a família dele como visita era ótima, mas para ter por perto era a visão do inferno. E as brigas começaram.
Claro que não posso responsabilizar a família por todos os problemas que tivemos. O buraco era mais embaixo, bem mais embaixo. Era a diferença de amor e paixão. Eu o amava, mas ele, ele acho que foi apenas apaixonado por mim. E a paixão acaba, ou transforma-se em algo, no caso dele, acho que transformou-se em amizade. Sofri horrores, mas o amava tanto que o mais importante era vê-lo feliz, por isso aceitei a sua decisão e até de certa forma, continuamos amigos.
Ele começou a namorar novamente, e vi em seus olhos o brilho do amor que eu não via por mim. Por mais que me doesse nunca me afastei, pois vi que ele estava feliz, e era isso que importava pra mim. Talvez ele mesmo nunca tenha notado a dor que me causava vê-lo assim, transbordando felicidade.
Quando resolveu se casar, fui convidada pra ser madrinha, e fui, nunca chorei tanto em um casamento, minha ficha estava caindo, entendi que no fundo, nunca havia me afastando esperando que esse sentimento que ele sentia por outra, pudesse se tornar meu. Nunca se tornou, eu tinha perdido. Comecei gradualmente a me afastar e a tocar minha vida, comecei a me libertar de tudo que sentia por ele e me fazia mal, e um dia consegui.
Consegui me apaixonar, consegui amar, e consegui compreender, que mesmo sendo amor o que sentia por ele, era algo quase doentio. Eu consegui ser novamente livre e dona de mim. Tinha encontrado minha paz. Quando decidi encerrar meu antigo blog, Os Meus Momentos, e iniciar o Entre Tantas Eu, tive a noticia, de que ele havia sofrido um acidente de carro e não havia sobrevivido. Desmoronei pela segunda vez, uma coisa era saber que eu nunca estaria com ele e superar isso, outra era saber que ele nunca mais estaria no mundo. O último post do blog antigo, é sobre a morte dele, um resumo do que vivemos, da dor que eu sentia, e o segundo post do blog novo é sobre a missa de 7° dia dele, a qual, apesar de avisada não quis comparecer, preferi ficar com as lembranças boas que tinha...
Beijos pessoas!
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