Ontem à noite Bernardo e eu falávamos do pai dele. Ele me cobrava um irmão e eu dizia que ele já tinha dois, filhos do pai dele. Claro que ele me dizia que não era a mesma coisa, mas eu tentava sair pela tangente. Depois ele me disse que o pai ainda não havia dado o presente de aniversário dele. E eu explicava que, como ele já sabia, o pai estava no hospital (havia feito um transplante de rins há 80 dias), e que tínhamos que esperar ele sair do hospital para ele comprar o presente. Isso não vai acontecer. Hoje pela manhã o irmão do pai do Bernardo me ligou. Ele teve uma parada cardíaca ontem à noite, e não agüentou. Como ele hoje em dia morava em outra cidade, o velório e o enterro serão lá. Não levarei o Bernardo. Primeiro porque nesse momento seria inviável pra mim fazer essa viagem. Segundo porque até chegarmos lá, tudo já teria acabado.
Nunca precisei dar uma noticias dessas a ninguém. E agora me vejo perdida. Não sei como explicar a uma criança de 6 anos que ela nunca mais verá o pai. Não sei se espero passar o feriado das crianças, já que não poderei levar o Bernardo ao enterro. Não sei se falo agora. Não sei como começar. Minha mãe diz pra mim dizer a ele que oi pai virou uma estrela, porque Papai do Céu chamou. Talvez seja uma alternativa. Mas conheço meu filho, ele sabe exatamente o que significa morte, pois sempre teve uma maturidade incrível para a idade, e talvez essa história não o convença. Mas mesmo tendo toda essa maturidade, ele tem apenas 6 anos, e tenho medo da reação. Não quero que sofra. A pior dor para uma mãe é a possibilidade do seu filho sofrer. E como eu queria preservá-lo disso.
Perdi meu pai aos 10 anos, e nunca esqueci a dor que isso me causou. Claro que a situação do Bernardo é diferente, pois como não vivia com o pai dele, e este morava longe, as visitas eram espaçadas, não havia aquele convívio diário. Talvez a ausência não seja tão sentida. Mas ao mesmo tempo penso que eles tiveram tão pouco tempo juntos. Que tiveram tão poucas experiências. Que conheciam tão pouco um ao outro. E penso em tudo que Bernardo não terá, não passará, junto ao pai.
Eu sofro agora pelo meu filho, pelos outros dois filhos do pai dele, também tão pequenos... Por todas as experiências que eles não terão. E preciso tentar achar uma forma de suavizar tudo isso. Mas infelizmente dessa vez não tenho como colocar Bernardo embaixo da minha asa e evitar que tudo isso o atinja.
Nunca precisei dar uma noticias dessas a ninguém. E agora me vejo perdida. Não sei como explicar a uma criança de 6 anos que ela nunca mais verá o pai. Não sei se espero passar o feriado das crianças, já que não poderei levar o Bernardo ao enterro. Não sei se falo agora. Não sei como começar. Minha mãe diz pra mim dizer a ele que oi pai virou uma estrela, porque Papai do Céu chamou. Talvez seja uma alternativa. Mas conheço meu filho, ele sabe exatamente o que significa morte, pois sempre teve uma maturidade incrível para a idade, e talvez essa história não o convença. Mas mesmo tendo toda essa maturidade, ele tem apenas 6 anos, e tenho medo da reação. Não quero que sofra. A pior dor para uma mãe é a possibilidade do seu filho sofrer. E como eu queria preservá-lo disso.
Perdi meu pai aos 10 anos, e nunca esqueci a dor que isso me causou. Claro que a situação do Bernardo é diferente, pois como não vivia com o pai dele, e este morava longe, as visitas eram espaçadas, não havia aquele convívio diário. Talvez a ausência não seja tão sentida. Mas ao mesmo tempo penso que eles tiveram tão pouco tempo juntos. Que tiveram tão poucas experiências. Que conheciam tão pouco um ao outro. E penso em tudo que Bernardo não terá, não passará, junto ao pai.
Eu sofro agora pelo meu filho, pelos outros dois filhos do pai dele, também tão pequenos... Por todas as experiências que eles não terão. E preciso tentar achar uma forma de suavizar tudo isso. Mas infelizmente dessa vez não tenho como colocar Bernardo embaixo da minha asa e evitar que tudo isso o atinja.
15 comentários:
Querida Jana,
Penso firme é agora o momento de você preparar seu filho para todo e qualquer problema da vida de um ser humano!
Mesmo sendo dificil o momento, é dizendo para seu filho claramente, que ele "perdeu" para sempre o pai dele, que você "inicia" ele para ser "forte" em qualquer circonstancia durante o crecimento e toda a vida dele.
E melhor tratar seu filho como adulto desde agora e ele vai compreender que a vida não é feita de ilusão e o acontencimento vai dar meios pra ele fazer a co-relação em tudo que os rodeia.
Fale com ele e explique a dificuldade até de estar presente no ceremonia de enterro.
Sua confidencia mostra pra ele que você sofre tambem e isso é importante os filhos saberem que mães, são seres humanos, onde corre sangue nas veias e que nos momentos dificeis, elas são obrigadas de tomarem decisões certas ou erradas aos olhos dos outros, o importante é instaurar o companheirismo entre seu filho e você.
E bem melhor que ele saiba de seus labios do que dos labios de outros; dessa forma, ninguem vai infligir pra ele, o desagrado de "presenciar "cochixos" quando ele estiver por perto dos "outros" que queiram preservar-lo desastradamente, causando nele desconfianças,conflitos e sentimento de solidão...Não é justo infligir incertezas e a solidão nele.
Beijo
Oiee!!
Encontrei seu nome num comentário do blog da Fabi e resolvi vir aqui te conhecer tbm... Vi que vc comentou que é de Porto Alegre e isso me chamou a atenção, pois moro em Cachoeirinha e trabalho em Porto Alegre, quem sabe, não seremos grande amigas, né??
Bem miga, que momento complicado... Não sei nem o que te dizer quanto a isso, pq, se acontecesse comigo, estaria tão perdida quanto vc... As crianças de hoje em dia são muito espertas e acho que é pior esconder... Tenta ir falando devagarinho, numa forma mais sutil, para que ele não sofra tanto! Meu marido perdeu o pai com 10 anos tbm e isso marcou muito pra ele, que sente muito a falta do pai até hoje, 20 anos depois!
Miga, vou te linkar no meu blog, pra vir aqui sempre, tá?!
Beijocas!
Um ótimo feriadão!!
Fiquem com Deus!
Jana, acho que já nos conhecemos o suficiente para confiarmos um no outro, como amigos. Porque asssim a brincadeira, que é uma coisa séria não teria a menor graça.
Eu mantenho o nome do teu blog entre os meus amigos, e te pediria que colocasses o meu entre os teus.
Um beijo
Naeno
www.poemusicas.blogspot.com - Naeno
nossa... imagino sua situação!
dar uma notícias dessas pra qualquer pessoa é complicadíssimo! não consigo imaginar como explicar isso a uma criança.
De qualquer forma, te desejo muita força e, se eu fosse você, esperava passar o dia das crianças... Vai que seu filho passa a associar o dia das crianças com a morte do pai, sabe?
Bom... novamente, desejo muuuuita força pra ti e pro teu filhote!
Bjksss
Toda a sorte do mundo para vcs...
Oi, Jana... bah, que situação. Também perdi meu pai cedo, com 14 anos e te entendo. Não sou mãe, apesar de querer muito, mas o que mais me assusta é justamente saber que existem situações como essa, em que não se pode evitar o sofrimento deles, por mais que doa. Acho que deves contar a verdade, sem criar essas fantasias, mas também concordo que o melhor seria esperar passar o dia da criança. Força pra vocês... Beijos
Perdi meu melhor amigo nesta segunda-feira, por suicídio. Infelizmente, dói e muito, mas creio que é humano e honesto da sua parte explicar a verdade ao Bê. Espere passar o dia das crianças, com certeza a distância física do pai ajudará a ele a não sofrer tanto. Explique que o transplante não deu certo ou que a doença evoluiu. Desculpe, quem sou eu para te ensinar algo. Mas eu acho mesmo que ele deve saber...mais do barra da saia (que toda mãe faz) é necessário tb acostumá-lo a entender que a gente perde e ganha...até mesmo as pessoas que amamos.
Beijos Jana
Paz.
ai... muito triste! mas vc tem que ser forte, e ajudar o seu pequeno a superar a perda!
te cuida, ok?!
beijos!
Hashmalin está coberta de toda razão. Essa história de ficar molhando o pézinho ante de entrar an água fria só o fará molenga para a vida. Investe-se hoje o que se colhe amanhã...
Força e mostre para o que veio.
Oi, é uma pena eu ter chegado pela primeira vez no teu blog nesse momento tão difícil, mas não quis deixar de te dar uma palavrinha de apoio.
Mesmo sendo uma notícia ruim e que certamente causará dor, a verdade é sempre urgente e as conseqüencias, inevitáveis. Ele tem o teu amor, que é incomparável, incondicional e insubstituível. Encha ele de amor e o tempo fará o resto.
Bjinhos com carinho.
Oi Jana...espero que vc tenha tido coragem e força pra dizer isso ao Bernardo...beijos.
Eu aprendi uma história que fala que antes de nascer, éramos anjos e viviamos com Deus. Quando chegou o momento de vir para a Terra, nós escolhemos a família para onde viríamos e após a escolha, deixamos nossas asas com Deus para que, um dia, após termos aprendido o que viemos aprender, nós a recolocassemos para continuar nosso caminho. Essa história já funcionou com uma criança que conheço...
Jana, não sobrecarregue teu coração com a responsabilidade de poupar teu filhote do sentimento da perda. Eu acredito muito nas nossas habilidades com as quais nascemos e tenho certeza que, se essa situação foi colocada no caminho dele, ele tem capacidade de lidar com ela. Não como criança, mas como espírito de luz.
Abraço!
Sinto muito Jana.
tenha uma boa semana...
Li tudo..e jana, nem sei o que te falar. Nunca perdi pai ou mae. Pelo menos nao para morte. Mas como meu pai esta muito doente, so a ideia me atormenta....
Abçs....
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