quarta-feira, janeiro 19, 2011

Da incapacidade de me expressar


A cabeça anda aos borbolhões, mas não consigo colocar nenhuma idéia no papel. Um hiato impressionante e nunca visto. A mente pensa em sapos amarelos roubados no passado. Nos parvos que me aparecem sem pedir licença. Tenho pensando muito no pai do Bernardo, não no sentido romântico, mas pensando no quanto ele, o Bernardo, deve sentir falta e não me dizer. Aliás neste momento ele esta em Torres na casa da avó paterna com os ½ irmãos e apesar de saber que nossos filhos crescem e tem que passar por estas experiências, ando com o coração na mão. Estou a pensar em como fui mal educada com um colega, simplesmente por mesquinhez, o que os outros tem a ver com a minha dor? Em como em milhões e milhões de pessoas nenhuma dessas pessoas legais cruzem o meu caminho e me entupa o coração de borboletas. Estou tão magoada com a falta de solidariedade pois quando propus que a empresa fizesse uma arrecadação de alimentos/roupas para a tragédia no RJ poucos quiseram se engajar na coisa toda. Mas quando uma colega propôs uma excursão ao Uruguai estas mesmas pessoas que estavam sem dinheiro foram as primeiras a se escrever. Esse tipo de coisa me embrulha o estômago. Eu acho que nunca me senti tão sozinha. Dá aquela vontade enorme de tomar um chop, de sentar num bar, falar bobagem, encher a cara e eu só penso, com quem meu Deus? Penso em como ninguém que eu conheço ultimamente me atrai, mas mesmo assim ando tão precisada de sexo que topava até com quem não me atrai, é possível tanta falta de amor próprio? Quase 32! Quase 32 anos e definições zero, onde me perdi? Em que ponto eu joguei a minha vida fora? Em vários pontos, respondo resignada. Mas ainda assim mentiras sinceras ainda não me interessam. Mas o que me interessa? No momento, algo tranquilo, tranquilidade me deixaria bem feliz, a tão falada paz de espírito que não encontro nunca. Gentileza, quanta falta nos faz. Um bolo enorme na garganta que eu tento fazer descer me entupindo de comida. Porque a vida não pode ser leve? Um pequeno desespero crescendo aqui dentro, confesso. Mais, muito mais coisas para falar, mas simplesmente não sai. Pode ser tristeza. Pode ser TPM. Ainda não sei. Só sei que o amor me falta e dói.

19 comentários:

Pensando disse...
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Jana disse...

O comentário foi removido, pois continha dados pessoais do meu amigo rsrs.

Pensando disse...

Puxa, nada como ter amigos no lugar certo. Tirado os dados pessoais, vamos ao coment:
Jana, em primeiro lugar eu peço: Para de escutar Cazuza. Prá quem não tá legal é um perigo, como isqueiro e fogões, por exemplo. Com relação ao Bernardo, não menospreze as crianças de hoje. Estão habilitadas a lidar com nossos problemas contemporâneos de relacionamentos, aos quais estão acostumados a ver em seus colegas, ao contrário da nossa geração, acostumados a relacionamentos duradouros de nossos pais. O problema sério está em você, que realmente me deixou preocupado. Uma pessoa sem definições e sem projetos de vida fica emocionalmente à deriva, sujeita a pequenas loucuras para preencher lacunas e necessidades prementes. Controle-se, dentro do possível. Falta de solidariedade? Onde você andou? Isso está em falta e faz tempo. Jana, 32 aninhos? Faz favor de parar de falar bobagens???. Eu cansei de falar. Eu, com 54, ainda tenho tanta, mas tanta coisa prá fazer, que puxa, acho que vai faltar tempo. Ah se eu tivesse apenas 32. Dá prá começar um monte de coisas do ponto zero, novamente. Como toda a mulher inteligente PENSA DEMAIS EM COISAS DEMAIS AO MESMO TEMPO, o que só vocês conseguem fazer, o jeito é tentar pensar (encucar) menos, e aí, nada como um cigarrinho e um caneco enorme de chopp (menos Kaiser, por favor).
Beijo moça

Diário Virtual disse...

verdade. semana passada fui até o cais do porto levar sacoladas de coisas que nao uso em casa e antes disso, perguntei aos colegas se alguém teria algo em casa pra eu levar no dia seguinte, e NINGUEM me trouxe nada, falaram que nao tiveram tempo, etc... mas pra comprar o lanche da tarde, todo mundo tem tempo e se dispobiliza.

é triste.

Anônimo disse...

ADORO VC E AS COISAS QUE VC ESCREVE

Anônimo disse...

EU passo;sinto o mesmo vazio.....parece ate q escreveu esse texto sobre mim...espero q essa fase acabe.
Dani

Helena disse...

Oi Jana!!! Saudade quando aperta é duro! Mais daqui uns dias o Bernardo está ai para te encher de carinho!
Se você não tiver ninguém para beber um chopp (e como não moramos na mesma cidade eu não vou poder ir com vc), vai vc sozinha...ver gente é sempre bom...e sua melhor cia é vc mesmo...e derepente quem sabe não aparece alguém legal...
Tb tentei fazer algo no trabalho para ajudar as vitimas da chuva, mais infelizmente algumas pessoas só pensam neles próprios...

Bom final de semana,..

beijos

Pedro disse...

Acho que às vezes entendo essa incapacidade de se expressar, como se não fosse possível descrever em palavras as tantas coisas que pensamos ou sentimos. Mas você já deu um primeiro passo, que é colocar para fora uma parte das coisas que te angustiam. Não pense que você jogou sua vida fora, porque 32 anos não é nem metade dela ainda e acredito que muitas outras oportunidades virão. Tente não se culpar demais por escolhas passadas que agora você acredita não terem sido as melhores. Elas passaram, simplesmente isso, e não há como voltar atrás e tomar novas decisões. Disso tudo, fica a lição dos erros a não serem repetidos. No mais, é seguir vivendo e fazendo novas escolhas, porque toda estrada leva a algum lugar!

Renata disse...

Ah, Jana. Nem tenho o que te dizer. Eu sei que a falta de alguém que ouça a gente, que sente junto, que nos ajude a enxergar a vida mais leve é ruim. E eu também não tenho, também me sinto sozinha, também tenho que conviver com isso porque quando a gente pensa que tem um amigo pra conversar, que seja, nada. Acho que vivemos numa época que o que vale é pisar em cima dos outros e ser mais, sabe. Também tou cansada. Tou vivendo sozinha e aprendendo a me contentar com isso. Eu tenho que me bastar.

Beijo

katy disse...

oi janaina, olha eu por aqui de novo. hoje eu me despedi do meu amor, não me pergunte porque, mas entrei num ônibus e ele no outro, fomos por caminhos opostos depois de dizer adeus. bom, eu tenho quase 25 e estou tentando ver onde me perdi. "Um bolo enorme na garganta que eu tento fazer descer me entupindo de comida. Porque a vida não pode ser leve?" dizem por aí que isso passa e que um dia a vida volta a ser leve. espero mesmo que seja verdade... boa semana.

Beth disse...

Olha, eu não sei se o que você expressa acaba sendo, efetivamente, o que está sentindo, conforme falou. Porém, eu acho que você se expressa tão bem, eu vou lendo e parece que estou vendo você, que a conheço, que entendo tanto...
Sobre o Bernardo, concordo com o que o seu amigo comentou lá em cima. As crianças têm um poder de observação, compreensão das coisas e de adaptação muito maior do que imaginamos. Somos mães, e mãe não quer que o filho tenha nem unha encravada, quanto mais carências afetivas, saudades, dúvidas, dores quaisquer, sejam no corpo ou na alma! No final, garanto, eles crescem e o que não ficar bem resolvido, acaba sendo tratado. Meu filho também (hoje tem 27 anos) passou por situação que me definhava imaginar a incompreensão e dor que pudesse sentir, no entanto, hoje eu sei, tudo foi sendo resolvido, trabalhado, eu talvez tenha sentido mais que ele.
E você, aos 32, há tanto pela frente, garota! Eu, como o seu amigo, nos 54, tanto ainda para fazer e vou...
Jana, a leveza da vida é a gente que dá. Aprendi depois de carregá-la, às vezes, como quem carrega o mundo.
Beijo

Ana Paula Almeida disse...

Isso pq vc não está conseguindo colocar as idéias no papel...rs
Lindo texto.
"Quase 32! Quase 32 anos e definições zero, onde me perdi?"
Me caiu como uma luva...
Bjs

Anônimo disse...

SÓ TENHO A DIZER A VIDA É FEITA DE ESCOLHAS.. PRESTE MUITA ATENÇÃO NO QUE VOCÊ ESCOLHEU E QUE VC VAI ESCOLHER.. DEPOIS NÃO DIGA QUE NÃO TEM SORTE.. OU NADA VALEU!!!
SUBA NO DEGRAU E VÊ SE ENCHERGA A VIDA DO ALTO..PORQUE DE BAIXO,NÃO VALE A PENA...JÁ PASSOU..TENTE VC PODE.. BJSS

Carlos Medeiros disse...

Embora vc esteja desapontada com seus colegas, existe muita gente boa por aí. Se Deus quiser essa fase ruim, que nós todos passamos, logo passará.

Daniela Santos-Hansen disse...

Bem vinda ao clube dos desesperados.. ocasionais ou não. Jana tem mto tempo que não venho aqui, muito tempo que parei de ler vc.. aff que absurdo! Como assim não coloquei vc no meu Reader??

Corrigido o erro, agora volto a te seguir e prometo ser mais presente. Sempre gostei de ler o que vc escreve, sou sua fã.. vc sabe. Um beijo, agora aqui de longe...

Luma Rosa disse...

Sei que quer proteger e poupar o Bernardo dos aborrecimentos. Aí com você ele é filho único e quando vai ver o pai tem que dividir atenção com os outros. Essas situações não são novidades pra ele, na escola entre os amigos, também divide atenção e a criança para crescer precisa enfrentar obstáculos, assim como nós! Crescer, amadurecer é olhar o mundo de frente e se o seu mundo não está legal, encare-o. Não precisa de ninguém para fazer coisas, seja do trabalho ou para se divertir. Se quer ajudar o pessoal do Rio, procure a Cruz Vermelha ou a paróquia mais próxima na sua cidade - esse pessoal está acostumado a praticar solidariedade - se o pessoal do trabalho prefere gastar o dinheiro em viagem, talvez seja uma alternativa para também saírem do marasmo dos dias. Sabe lá se eles também estão vendo defeitos em você? ;) Beijus,

PULCRO disse...

Talvez ao chegar nos 42 anos voce tenha as mesmas interrogaçoes. Ou não. O importante é ir atrás das respostas.
Beijos,
PULCRO

Anônimo disse...

É incrível como a gente se identifica com várias pessoas nessa blogosfera. Eu escrevo e alguém vai lá e diz que "sim, é isso mesmo, você não está louca!". Eu venho aqui e leio algo que, quando eu tinha meus 32 anos, estava passando. Havia saído de um casamento aos 28 anos (13 anos de relacionamento no total), tinha conhecido outra pessoa, estava junto e de repente tudo foi por água abaixo. Me vi sozinha. Sem nada nem ninguém. Vejo que várias balzacas, na faixa dos 30 aos 37 anos, tem essas mesmas angústias. Mas será que somos menos felizes que aquelas mulheres, ou meninas, de 20, 24, 26 anos que casam, engravidam e não aproveitam nada da vida. Só conhecem um ou dois caras na vida. Não viajam. Muitas vezes não conseguem trabalhar ou estudar! a vida é feita de escolhas e certamente a escolha que não fazemos é a que nos deixa arrependimentos por não termos vivido. Quem está casado quer ser solteiro, quem tem filhos, gostaria de não tê-los para poder viajar. Quem tem carro, não gosta de dirigir porque o trânsito é caótico. E vice-versa. Então, esse sentimento que você descreve é algo muito comum, principalmente nas mulheres, sejam casadas, solteiras, com namorado, namorido... Perguntas sem respostas. Temos que tentar olhar pra trás e ver a bagagem de vida que temos. E valorizar isso! Beijo!

Simone Teixeira disse...

Oi Jana!

Acho que nunca escrevi aqui, aliás nem me lembro quando foi a última vez que visitei seu blog.

Coincidência ou não, hoje fuçando MEU blog, encontrei o comentário de uma amiga me indicando o seu... Resolvi voltar e encontrei este post. Queria te escrever um e-mail, posso? Como faço?

bjs,
Simone