quinta-feira, maio 06, 2010

Boa menina, que seja eterno enquanto dure...


Eu fiquei assustada, mas não foi assim logo de cara. Primeiro fiquei ofendida. Depois anojada, da situação, de mim... E quando compreendi que tanto o que me anojou quanto o que me ofendeu não era nada novo, era algo dentro do comum, do normal... Do meu normal vejam bem, quando eu consegui compreender isso... Eu me assustei.

Foi ai que a coisa pegou e que começaram a jorrar perguntas (na sua maioria sem resposta). A mais importante claro a respeito do porque ter me ofendido, enojado e assustado tanto. Nesta eu pude obviamente chegar a conclusão (que foi particularmente dolorosa) de que eu nem quero e nem preciso mais de situações como a do fato. Que no fim acabavam por me deixar cada vez mais vazia. Eu mudei. Na verdade apenas (e como uma apenas pode fazer uma grande diferente) mudei minha visão sobre mim. Parei de me ver como um belo exemplar de cachorra. Foi isso, eu que antes me gabava de me bastar, de me contentar e de que me servia só o que queriam me dar, mudei. Não me basta mais, não quero mais e principalmente não me vejo mais assim. Eu mereço mais.

Se quero (ou preciso – mas isso é assunto pra outra hora) algo em específico, não da e nem tem sentido ir sempre completamente contra a isso. Se acredito mesmo que preciso de, devo então me focar e agir (mesmo que no momento o agir signifique não fazer nada) de modo a atingir isso. Seja por méritos meus, seja por alguém em algum lugar achar que é de merecimento. Ou quem sabe seja pela união dos dois.

Sinceramente nem sei bem a razão, mas passei muito tempo acreditando que não merecia mais do que as escrotices que me ofereciam. Baixa autoestima? Culpa dos relacionamentos fracassados que no final me deixavam me achando menos que o nada? Culpa minha mesma que em função destes relacionamentos, engoli meu orgulho, minha autoestima e o cadim de dignidade que eu pudesse ter, que em nome de uma possibilidade de salvação, que no fim se tornava minha danação? … Ficaria aqui horas apenas especulando... Mas importa descobrir o ponto? De uma forma ou de outra o importante é que, invariavelmente, a CULPA É MINHA.

Então mais petrificada fiquei quando que para conseguir as minhas precisâncias, eu deveria ser uma boa moça. Sabe, não santa. Mas tem mesmo necessidade de fazer a jaca de pantufa sempre? Preciso mesmo me auto sabotar? E principalmente, migalhas realmente me alimentam? Não sei qual foi o botão que ligou aqui dentro, mas sei que as migalhas não me servem, sei que não vou mais fazer este papel de cachorra, pois não cabe mais em mim. Porque não me vejo mais desta forma. E talvez demore algum tempo para descobrir o que em mim mudou (e talvez eu nem descubra)

É isso. Parei de flertar com o guri comprometido do escritório, simplesmente porque é divertido e me faz bem ao ego. Chega de me contentar com fast food que no fim acabam nem matando a fome e nem sendo saborosos. E definitivamente, nada, mas nada da nova comida mexicana Tacos Moles (como diria Clara-Lu). Acabou-se a fase de topar a parada. Foi pro beleléu a cachorra que morava em mim. Clara-Lu me falou a pouco no nosso msn corporativo que alguém lhe disse que temos que oferecer aos outros o que queremos em troca. Utópico eu sei, e completamente rosa. Mas quem sabe não seja o certo? Eu passei tanto tempo não oferecendo nada, e aceitando qualquer coisa que me dessem que a rotina, tornou-se um hábito. É hora de oferecer o que quero, e nada de aceitar menos que isso em troca. Pelo simples fato de que eu não mereço menos que isso.

Essa mudança não esta sendo tão simples quanto aparenta, é complicadíssimo. Dói admitir algumas coisas sobre mim e o pior me deixa meio perdida, pois não sei como agir sendo uma boa moça (talvez eu perca metade dos meus parcos leitores depois disso rs). Eu ainda tenho que lidar com o que eu quero versus o que eu preciso. Eu ainda tenho que conseguir enxergar exatamente o que eu preciso, quais as minhas precisâncias...

Sabem qual o mais irônico? O que eu acredito precisar é tão simples que acaba complicando tudo e se tornando difícil. É muito mais fácil ter de alguém o que se quer, mas o que se precisa é duro. Pois acaba que os quereres vem da nossa superficialidade e nossas precisâncias de algum lugar bem mais fundo, que estou descobrindo (enfim!) só agora.

Confusão não? Eu apenas mudei de padrão, não de personalidade.

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