sexta-feira, janeiro 02, 2009

O ônus de ser honesta


A vontade que tenho é mesmo de ser verborrágica. De sentar falar, desenhar tim tim por tim tim. Transparente como água, objetiva como os homens nos seus bons tempos eram. Ah e como eram... Andam todos agora numa subjetividade assustadora. Mas a honestidade trás um ônus que no fundo não sei se estou pronta pra carregar. Traz o fim da questão sem todo o meio de campo e não sei se quero.

Como saber se no fim do filme o casal fica junto, felizes para sempre, ou se a mocinha vai Londres afogar as mágoas em outras histórias, outros amores... Mas sem saber o resto do filme, se ela merecia ou não o beijo final.

Você chega para o cerumano e descarrega toda sua loucura, todo seu querer, toda as suas “ites” que você vivia escondendo, simplesmente por não agüentar mais todo esse jogo tosco que todo mundo faz o tempo inteiro. Beleza, você foi você na sua forma mais sincera e vergonhosa, assumindo toda fraqueza... E ai? Ai minha filha você corre o risco de ouvir um “você é muito legal, mas não to pronto pra essa loucura toda, eu não quero te dar a sua casinha de cercas brancas com labrador correndo eu quero te comer e deu”. E você não tem nem mais argumentos. Você não pode dizer que não é bem assim, que você não é tão louca, que nem te falta tanto assim, que você só quer a normalidade, o colo, o carinho, que no fundo é uma fomezinha de nada, qualquer lanchinho resolve. Não pode. Porque você já mostrou o rombo que tem no teu estômago, e já disse com todas as letras que sua fome é voraz. Não da pra fingir mais que você nada no raso, você já gritou que gosta de mergulhar de cabeça.

E, então, você assusta todo mundo, que anda acostumado com essa leveza que você não tem e finge ter, que acha o máximo essa sua risada, mas não sabem que no fundo é riso de nervoso, é um riso que suplica por uma definição, por um saber. É querer saber, mas, só se o saber for exatamente o que você espera ser.

Você não pode mais se negar a ver, não pode mais contornar, mudar de caminho, se fazer de louca. Esta lá escancarado, e você só pode definitivamente enxergar. Não da mais pra florir ou argumentar. Do exposto que não se tem mais argumento. Arque com todo o peso da honestidade. É como tirar um peso dos ombros e por outro na cabeça. Do concreto jogado em cima de você. Sem abstratos...É eu não sei se posso com tudo isso agora.

Acho que mentiras sinceras me interessam...

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