quinta-feira, julho 28, 2005

O Tolo

Conta-se que numa pequena cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia, um pobre coitado de pouca inteligência que vivia de pequenos biscates e esmolas.
Diariamente eles chamavam o bobo ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas. Uma grande de 400 réis e outra menor, de dois mil réis. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.
Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos. "Eu sei" respondeu o não tolo assim "ela vale cinco vezes menos , mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda".Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.
Quem de nós numa foi tolo apenas pra que a brincadeira continue?

quarta-feira, julho 27, 2005

Infância

Hoje acordei com vontade de comer a broa de milho que a vizinha da minha tia na fazenda fazia, nem vou tentar explicar o quão bom era isso, vc mordia esfarelava um pouco e ia derretendo na boca... Era doce sem ser enjoativo, e era impossível comer uma só. Quando voltávamos a Porto Alegre trazíamos sacos das tais broas... Eu devia ter uns 5/7 anos mas é incrível como tem lembranças e sabores que nossa mente não esquece.
Meu pai faleceu quando eu tinha 10 anos e depois disso devo ter ido à fazenda umas 3 vezes, e seguramente fazem mais de 10 que não piso lá e nem é longe, é por não sentir realmente vontade, tenho tios, primos que perdi contato... Lá é um lugar que me lembra muito ele, pois era o seu lugar, ele não era um homem de cidade, adorava aquilo, se via no rosto dele, e eu passava todas as minhas férias de julho (naquele tempo se tinha um mês de férias) com ele, lembro que saíamos sempre de madrugada de Porto Alegre, ele me carregava no colo e me colocava dormindo no carro, chegávamos junto com o café da manhã, aqueles cafés de morrer comendo, queijo, salame italiano, morcilia, pão feito em casa, chimia, cueca virada tudo feito lá mesmo...
Saiamos da casa da minha tia e passávamos o dia na fazenda, eu brincando com os filhos dos peões (nem pensem bobagem pq eu era piá ainda), comendo uva direto da parreira, brincando de escorregar nos sacos de ração, metida em chiqueiro de porcos, no meio de vacas (agora ta explicado minha adoração por esses seres e eu ter me transformado numa kkkk). Chegava em casa uma verdadeira porquinha, ai tinha banho, mais uma seção de comilança e brincadeiras com as filhas da vizinha. Rolávamos na grama, descíamos barrancos. Andava solta, é uma cidade (que na verdade nem cidade é) minúscula, apenas uma rua principal, um hotel (que era o armazém da cidade, visto que nunca tinha hóspede), uma igreja, uma loja de roupas, e mais uma ou duas vendas e só. E lá não tinha perigo, eu vivia como o diabo gosta, completamente solta e todo mundo conhecia todo mundo, eu era a "filha do Orestes" e tava tudo resolvido...
Saudades daquele tempo, saudades daquela gente, saudade daqueles momentos, saudade do meu pai...Mas eu nem sei porque todo esse devaneio, na verdade eu só queria ter dito que acordei com vontade de comer as tais broas de milho...

segunda-feira, julho 25, 2005

Quero

Quero tanto ver vc expressando com palavras teus sentimentos, eu quero tanto que vc consiga falar, expor, traduzir o que muitas vezes os gestos fazem. Sei que gestos são importantes, mas eu sou uma pessoa de palavras, me componho delas, necessito delas e me faço com elas. Sei que palavras largadas não têm importância alguma, mas queria traduções de sentimentos, sejam eles bons ou ruins, quero vômitos de palavras, quero a verborragia desenfreada.
Quero que entendas que, às vezes, a minha carranca é proteção, esse meu jeito meio grosso de ser é porque já levei tanta porrada da vida que fica difícil me abrir, baixar a guarda e simplesmente ser feliz, meu desdém é admiração, meu silêncio é tristeza, uma tristeza não a nada ou a ninguém uma tristeza a mim mesma, minha vaidade é baixa-estima, meus "enfins" são só "poréns", meus pontos finais são apenas vírgulas, meus "nãos" são "sins"... Ou não! Talvez não seja nada disso! Quero que entenda toda a antítese que eu sou, toda a confusão, a bagunça que há em mim e ainda assim me ame!*
Quero ver você brincando com meu filho como se fosse teu, sem essa distância que hj há, quero ver vc criança ao lado dele em meio de batidas de carros imaginárias, guerras espaciais, e lutas intermináveis. Quero tanto um dia ver vcs correndo pela casa em meio a uma disputa imaginária. Quero ver vc solto, alegre, relembrando os tempos de criança.
Quero seu lado moleque, seu lado indomado. Quero me aninhar aos teus braços e ouvir sussurros no ouvido, palavras perdidas que saem quase sem perceber, palavras que posso ver dentro dos seus olhos. Quero olhar neles e sentir realmente que vc me ama, que sou a mulher da sua vida, que te faço feliz e que vc me quer exatamente do jeito que sou.
Quero acordar um dia à noite e ver vc sentado me olhando e sorrindo, quero ver vc rir de minhas infantilidades, minhas loucuras e minhas reclamações. Quero vc me calando com um beijo em uma briga, me pegando de jeito e fazendo amor. Acabando assim com uma discussão boba.
Quero vc ao meu lado, me apoiando nos momentos difíceis, me dizendo quando estou errada, brigando comigo quando for preciso. Quero vc me trazendo pra realidade quando sonho de mais, e me puxando para o sonho quando eu teimo em ser realista ao extremo.
Quero ao teu lado viver o sonho, a realidade e o prazer de construir, mudar, realizar e quem sabe fazer algo novo. Ou não! Viver o antigo de maneira nova...
Quero um companheiro, um amante, um amigo. Talvez muito do meu "querer" nunca passe disso, nunca cresça e se desenvolva, talvez fique perdido aqui nessas linhas mal escritas. Mas o meu querer maior, o querer do querer, este sim vc faz, com tamanha intensidade que torna meu outro "querer", muitas vezes, em algo tão pequeno, e tão sem importância...
Quero mesmo é ser feliz.. E isso querendo ou não, vc sabe fazer muito bem.
* Algumas partes desse parágrafo foram inspiradas num texto dessa guria

quinta-feira, julho 21, 2005

Cara de Chata

Ontem conversando com uma amiga pelo telefone, estávamos relembrando quando nos conhecemos, que nos estranhamos um pouco, ai ela solta a pérola: - Ah mas tu tens uma cara de chata mesmo, de enjoada! ...

Passado o "back" inicial e a vontade de esganá-la, comecei a lembrar de várias situações da minha vida:

Cena1: Recém aprovada no vestibular (a um remoto tempo atrás, quase tempo das cavernas), estava na secretária do cursinho para cancelar a matrícula (pq sou inteligente mesmo fazendo intensivo eu passei no meio do ano), quando a menina da secretaria pergunta pra que curso eu havia passado. Direito, respondo eu bem feliz da vida. Ela me olha de canto de olho e solta: - Bem a tua cara mesmo! Agora me respondam, quem cursa direito tem cara de que? De chato, de enjoado. (desculpa ai se tem algum estudante de direito/advogado no recinto, mas não tem como negar que os prédios de direito das faculdades é o antro de gente metida a besta, claro que eu e vc que está ai lendo não fazemos parte disso)

Cena2: Churrasco na chácara de um amigo de um ex-namorado, chegamos, só estava o dono da chácara e namorada dele, esta só me conhecia de vista. Não tendo muita opção para diálogo, fomos eu e ela conversar, as pessoas foram chegando e a gente de papo. Quase no fim da festa ela diz: - Quando vi vc chegando, quase tive um troço, pq eu sempre te achei chata, metida a besta, mas é que tu tens cara. A gente se engana né...

... E assim foi inúmeras vezes na minha vida: " A primeira impressão que tive de vc não foi legal", "Quando te conheci não fui muito com a tua cara, mas a gente não pode ir pela primeira impressão",

.... Isso me levou a entrar até numa comunidade do orkut. Tenho cara enjoada, mas eu sou legal!

Então quando vc me conhecer, antes de fazer aquela cara de "ai meu deus, e agora?", releve, venha bater um papinho comigo, porque no fundo (mas bem lá no fundo mesmo) eu sou legal!

sexta-feira, julho 15, 2005

Eu não sei porque não desistem, pelo que me lembro meu pai tentou isso comigo muito tempo, não conseguiu. Minha mãe tenta até hoje, mas pelo que consta lá pelos meus 14 anos desistiu da idéia ferrenha e apenas se tornou um sonho distante. Todas as minhas tias chatas um dia já me disseram uma frase que seja sobre esse assunto. Minha irmã acha que o que me falta é isso, entra pelo um ouvido e sai pelo outro. Eu insisto em dizer que tenho, mas sabe aquelas mentiras que vc conta pra vc mesma acreditar?
Então essa é a minha última chance!! Eu não posso desperdiçar, se não for dessa vez eu não tomo juízo nunca mais...
Meu siso esta nascendo!
Se não tomar juízo dessa vez, me larguem de mão! Kkkkkkkkkkkk
(Bem isso tudo é teoria minha, porque pergunta se eu fui ao dentista pra confirmar que é o siso? rsrsr) (Se isso da juízo eu não sei, mas que doi pra kct ahhh dói!)

quinta-feira, julho 14, 2005

Ontem à noite dentro daquele apartamento vazio com o moço da loja tirando as medidas, me falado sobre dormitórios e cozinhas, questionando cores e texturas, eu quase surtei. Só não tive uma crise de gritos porque o moço ia me perguntar se queria a camisa de força rosa ou verde limão.

Ontem me dei conta de que as coisas estavam acontecendo fora do meu controle... Meu namorado praticamente se mudou pra minha casa e eu não sei como isso exatamente aconteceu, quando eu vi estava lá no varal: cuecas penduradas!! Escova de dentes dentro do meu banheiro, tive que reorganizar meu roupeiro para colocar as roupas dele. E esse apartamento? Simplesmente caiu de pára-quedas na minha vida, quando dei por conta estávamos falando de tintas de reformas... E ontem de móveis.

Foi nisso que deu o "deixa a vida me levar", eu fui indo a favor das ondas, e agora estou aqui, a um passo de dividir minha vida com alguém, com medo de me afogar. Eu não estou dizendo que não quero, apenas bateu o terror, o medo de não agüentar, a dúvida de ter certeza.

Tudo na minha vida sempre foi planejado. Ta menti! Praticamente nada na minha vida foi assim. Mas eu não sou mais aquela adolescente inconseqüente que podia se entupir de merda simplesmente porque o carinha não queria mais ela (mesmo que esse carinha tenha sido importante). Eu não dou mais minha a cara a tapa pro mundo como antes. Hoje eu penso, hoje eu analiso, afinal tenho uma pessoa que depende de mim e não posso simplesmente mudar de vida quando me convém. Eu simplesmente estou com medo pois as coisas foram acontecendo como um desabamento, sem tempo de pensar, simplesmente ontem eu estava dentro de um apartamento vazio decidindo onde vou dormir por vários anos. E eu percebi que "deixar a vida me levar" pode ser muitas vezes assustador... Estou com medo!

domingo, julho 10, 2005

Eu hoje queria escrever algo que fosse de minha alma. Queria dizer que por muitas vezes acredito estar conduzindo a minha vida de forma totalmente errada. Por outras não. Por vezes quero contar tudo aqui. Por outras vejo que são coisas muito minhas. Não que eu esteja triste, não é isso, definitivamente não é. Mas também não sei se estou completamente feliz. Escrevo, tem pessoas acreditam entender, pessoas já desistiram de entender, pessoas que não entenderam nunca. E eu confesso, às vezes nem eu entendo, como hoje, que não estou triste, que não estou feliz, e muito menos sabendo o que quero dizer. Ás vezes sentir a paz é tão bom... Em outras sentir vontades incontroláveis me deixa eufórica demais. Acredito que preciso de uma concha, ou quem sabe de asas, sim, situações opostas, mas ambas podem trazer grandes mudanças. Mas nem sei se quero mudar alguma coisa. Eu sei que hoje eu não entendo, não me entendo. Estou em busca de algo que nem eu sei o que é. Se ao menos eu no meu não entender fosse magnífica como Clarice. Mas não eu simplesmente não me entendo e nem versos sei fazer disso.


"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
Clarice Lispector

quinta-feira, julho 07, 2005

Metades de Mim

Metade de mim quer ser livre, agir, sentir, falar, expor... Metade de mim é louca...
Metade de mim controla-se, pensa, analisa, cala-se, reprime-se...
Metade de mim é sensata... Metade de mim trava diálogos inteiros com supostas respostas... Monólogos que me enlouquecem, que são reprimidos pela minha outra metade.
Metade de mim, coroe-se pelo desejo de mostrar-se, consome horas intermináveis de pensamentos... Turbilhão de sensações. Metade de mim, bloqueia, freia esse turbilhão, pelo medo... De me expor, de ser rídicula...
Metade de mim é forte, destemida, corajosa... Metade de mim é fraca, insegura, carente...
Metade de mim se expõe Metade de mim decide o que expor
Metade de mim briga incansavelmente para transformar sentimentos em palavras, em frases, luta para se fazer ser conhecida... E quando é se satisfaz... Metade de mim engole as palavras, frases, luta para que me resguardar, para que me preserve, para que tenha cautela. Minhas metades só concordam em uma coisa...
Que essa luta interna será inútil se olhares no fundo dos meus olhos... Ali encontra-se a essência das minhas duas metades...

quarta-feira, julho 06, 2005

As Perguntas Bloguísticas da Cauks

Cauks, só pq vc pediu:

1. Qual personagem habita seu Blog quando menos se espera?
Várias de mim mesma, às vezes o alter ego, às vezes a coitadinha, a louca, apaixonada, a revoltada, quem habita meu blog são várias de mim diariamente.

2. Que post ficou na espera, o bonde passou e você não publicou?
O post que fiz quando aquele vigia foi morto pelo juiz.

3. Quando a imagem foi maior que o texto?
Acho que não tenho uma imagem, gosto mais de palavras, todas as imagens que usei foram para completar as palavras. Mas gosto da imagem do posto do dia 03/05, esta aqui

4. Muitos blogueiros de carne e osso, ou apenas virtuais?
Muitos virtuais, alguns reais, mas uma vontade enorme de que muitos fossem reais.

5. Se um novo batizado fosse possível, que nome escolheria para o seu Blog?
Gosto desse, tem a ver comigo, sempre de lua, diversas "eus" dentro de mim. Eu já tive outro blog, "Meus Momentos", mudei pra esse.

6. Quando é que dá vontade de eliminar o sistema de comentários?
Perto dos sistemas que existem por ai o HaloSacn é bom de mais. Não troco ele não.

7. Que Blog ou Blogueiro - presente ou ausente - às vezes te traz saudades?
Sinto saudade de muitas pessoas, presentes e ausentes, injusto citar um.

8. Pra quem passar o bastão?
Pra quem quiser pegar, está ai sintam-se à vontade.

terça-feira, julho 05, 2005

O laço e o abraço

Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço.
Uma fita dando voltas?
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece?
Vai escorregando devagarinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então é assim o amor, a amizade, tudo que é sentimento?
Exatamente como um pedaço de fita?
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz - romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então, o amor é isso.
Não prende, não escraviza, não aperta, não sufoca. Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço.
(Desconheço a autoria)

sexta-feira, julho 01, 2005

Para ser feliz... (uma coisinha e outra que a vida nos ensina)

- Resolva os problemas que possam ser resolvidos, os que não podem, foda-se. Às vezes é menos cansativo limpar a merda do que perder horas remoendo como resolver o problema;
- Ria, ria muito, de tudo, principalmente de vc mesmo (a);
- Chore, quando precisar desabafar chore, o que não dá é pra guardar mágoa;
- Saia pra passear, pode ser um parque, andar de pés descalços na grama, tomar sol, comer pipoca, isso faz bem;
- Dance, mesmo sozinha em casa, dance pra espantar os fantasmas;
- Cante, seja no chuveiro, no carro, caminhando na rua (e daí se te olharem como se fosse um E.T). Aquela máxima é verdadeira : "Quem canta, seus males espanta"
- Não engula sapos, não aceite injustiças, não deixem que pisem em vc (ou em qualquer pessoa que vc queira bem);
- Não guarde frustrações, ressentimentos, palavra não dita. Isso da câncer!
- Faça sexo, mesmo que não seja com amor, faça sexo, é uma questão fisiológica (Mas se for com amor é melhor ainda!!!);
- Não se cobre tanto, não seja muita autocrítica, perfeição não existe. Desista dessa idéia;
- Vá a festas, tome um porre vez ou outra, encontre amigos, interaja;
- Divida sua vida com alguém, as partes boas, e as partes difíceis;
- Não se queixe do tamanho da sua cruz, a cruz do outro pode ser bem maior;
- Ame, ame muito, principalmente a vc mesmo (a);
- Quando não tiver nada a ser feito, não se desespere, relaxa e goze (é tinha que fuder no final kkkkkkkk)